terça-feira, 2 de junho de 2015


 

Insetos e congêneres
 
 

 Enquanto a família dormia,

a barata se aninhava

no bico do bule de prata.

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 Lembrava-se das borboletas que brotavam das lagartas

e se soltavam dos galhos, como flores mais audazes

que um dia ousavam voar.

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Foi enchendo a casa com guardados sem uso.

Pulgas, traças, carrapatos, besouros, ácaros e que tais instalavam-se pelas brechas confortáveis.

Até que desapegou.

Morto.

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- Yakult, fofa?

- Não, obrigada.

- São lactobacilos vivos!

- E eu com o leite?

segunda-feira, 1 de junho de 2015

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Saiu pra tomar café.
O povo espera-que-espera.
Contemplar pessoas
era a sua tara.

quinta-feira, 7 de maio de 2015


Copa das Copas

 
Resumo da ópera: são 17:43 do dia 24 de junho de 2014 e eu não entendo lhufas de futebol. Tenho angustiantes dúvidas ... péra aí! o Japão acabou de empatar com a Colômbia... angustiantes dúvidas concernentes aos termos técnicos desse esporte: Tiro de meta. Escanteio. Falta. Pênalti. Barreira. Grande área. Pequena área e outros tantos. Só me dei conta do tamanho da minha ignorância nesta copa.
Que gente sui generis esses nipônicos! Que inveja desses cabelitchus super lisos e escuros e espetados. Vestidos com uniformes iguais (uniformes iguais não é pleonasmo?) eu juraria tratarem-se de personagens de um jogo de videogame. Ah, tinha me esquecido de citar o termo cartão. Dois da Colômbia! Beleza, mas a mesmice de sair correndo, olhando para o céu com os dedos indicadores das duas mãos pra cima é enjoativo. Por que não vira uma cambalhota, não planta uma bananeira, por exemplo? Ou sacode o saco, sei lá. Tá bom, vai. Vão dizer que eu penso que é circo. Falta! Japonesinho, bonitinho, (garantido, nê?) caiu com tudo em cima do negão colombiano que ficou ali no chão morrendo ou fingindo. Aliás, fingir já deu pra perceber do que se trata.Falta, no meu entender, não era pra mostrar cartão, não. Era caso de pegar o infrator e sentá-lo num canto do campo pra ele ficar pensando bem uns quinze minutos. Dependendo, também. Bater no Neymar pelas costas e jogá-lo no chão era caso de cadeia. Tipo lei Maria da Penha. Já me cansei de ouvir a piadinha que diz que são vinte e dois jogadores para uma única bola. Diz que até Freud explica. Tá, é velha, mas não é que é? Muito interessante! Interessantíssimo! Três pra Colômbia! De novo os dedos para o céu! Por que não rodopiar com os braços abertos oferecendo o gol para a plateia? Medo de parecer bicha? Shingi Kagawa está inconsolável. De uma coisa, pelo menos, eu sei. Quem gosta sofre. Gostar também é sofrer.
Só gente bebendo cerveja e eu aqui no meu café com leite. A torcida colombiana vai à loucura! Bem que essa frase podia ser minha. Quatro pra Colômbia! Transmissão de pensamento: o menino que marcou, verdadeiro colírio para os olhos femininos e congêneres, abre os braços para a plateia. Mas não gira.
Fim de jogo e a emissora pega o finzinho de Grécia com Costa do Marfim: vai, Costa!  Dois a um para a Grécia! Puta que pariu! eu digo para o rapaz à minha frente.
Ué!? De torcer parece que entendo.

 

 

Manhã de Sol

 

 

 

Manhã de um dia qualquer                                            

saio da noite do quarto

e me deparo com ela.

 

Nuvens brancas provisórias

pedaço de céu azul claro

no vão da minha janela.

 

Fogo aceso logo cedo

este sol de ouro ardente

despeja sua luz amarela.

 

 

Corpos

 

 

 

Espantalho espetado na roça,

roupa velha, rota, remendada,

feito de pano, costurados olhos,

artefato de enganar os pássaros.

                           

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No varal repleto de roupas,

uma brisa leve as balança.

Já vai longe o corpo que as vestia,

penduradas, pregadas, esperam.

                           

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Desligue o rádio,

apague as luzes,

tranque as portas,

blinde a carcaça.

 

 

 

 

 

Natureza Distante

 

O sol não ficava tão longe. Ele subia e descia todos os dias.

A lua era a coisa mais linda, cheia, crescente, minguante,

argênteo mistério de algumas noites.

As estrelas, contas de diamantes, tremeluziam no manto marinho do firmamento.

Nuvens brancas de brinquedo desenhavam o que se quisesse sobre o azul que era celeste, a mais bela cor do mundo.

Quando tudo nos foi explicado, perdemos toda a alegria.

Estendo as mãos para o céu e na distância entre ele e eu há um tesouro que se perdeu.

Imensos abismos por todos os lados presa na Terra e girando no espaço.